Como acontece o diagnóstico de TEA em bebês

Texto extraído e adaptado do vídeo feito pelo Dr Fabio Sato e publicado no @tatutea_aba, em 2020.

O Transtorno do Espectro Autista (TEA) passou a ser mais conhecido da população em geral graças à presença de familiares, profissionais e autistas adultos nas redes sociais e mídias. O acesso às informações tem produzido uma procura grande das famílias de crianças bem pequenas por profissionais especializados em TEA. E um dos desafios encontrados é o diagnóstico precoce, em bebês. Por isso, convidamos o Dr Fabio Sato, psiquiatra de crianças e adolescentes e parceiro do TatuTEA para falar um pouco sobre diagnóstico precoce em crianças pequenas com TEA.

“O Transtorno do Espectro Autista é um transtorno muito incidente no mundo, em geral, em nossa população de crianças pequenas. O último estudo importante do CDC de 2016 promoveu uma cifra de 1 a cada 54 crianças possuem o diagnóstico, sinais e sintomas do Transtorno do Espectro Autista. No mundo, 1% a 2% das crianças, sem distinção de raça. Portanto, afeta todo o mundo, e também se apresenta em número quatro vezes maior em meninos do que meninas. Esse é o panorama mundial.

Por que é importante fazer um diagnóstico precoce?

Para fazer uma intervenção o mais cedo possível e melhorar a adaptabilidade da criança, para as atividades gerais da vida dela, para que ela possa ficar autônoma.

O Transtorno do Espectro Autista é um transtorno do neurodesenvolvimento, portanto, começa cedo na vida, por definição.

Os critérios de diagnóstico abrangem a comunicação social, a dificuldade da criança em interagir socialmente com outras crianças, apresentando sinais desde muito cedo, que envolve o olhar, o desenvolvimento de comportamentos restritivos e, por último, a hipo ou hiper reatividade sensorial da criança. Isso foi um critério adicionado em 2013, no DSM5.

Esses são critérios. Mas quem faz o diagnóstico da criança com TEA?

Hoje o diagnóstico da criança com TEA é multidisciplinar, envolvendo uma equipe, que é um médico, um psicólogo, a fonoaudióloga, terapeuta ocupacional, um educador físico. Envolve muitos profissionais, porque todos fazem uma avaliação de sua própria área. Cada profissional faz a sua avaliação, sendo um diagnóstico conjunto.

Existem duas escalas diagnósticas principais no mundo. Uma é a ADI que é uma entrevista longa com os pais e a outra é a ADOS, que é uma avaliação com a criança, e os pais participam indiretamente ou diretamente, uma vez que eles participam da avaliação total. A ADOS é uma avaliação da criança que envolve instrumentos estruturados, caixa de brinquedos grande. Essa escala foi validada nos EUA e no Brasil ainda não é totalmente validada. Ambas não são totalmente validadas no Brasil. E tudo isso não exclui a avaliação médica que é a principal nesse aspecto, para ver a criança, ver os parâmetros, e fechar o diagnóstico como um todo.

Agora, numa criança pequena, o que devemos observar?

A gente deve observar alguns sinais que envolvem desde o olhar, até os padrões de alimentação. Então se a criança olha, se ela olhava e deixou de olhar, ou se ela nunca olhou direito nos nossos olhos, se ela tem um contato visual importante ou se ela não tem, se é diferente do outro filho ou se não é, se chama a atenção da mãe em alguma característica.

Depois, uma avaliação motora da criança, se ela teve um desenvolvimento motor normal, se isso envolve algum comportamento estereotipado, que chamamos de estereotipias (balançar as mãos, balançar o corpo). Avaliar se a criança brinca, se ela brinca simbolicamente desde pequenininha, se ela consegue brincar e se envolver com as brincadeiras das outras crianças ou delas mesmas, se ela faz contato social satisfatório, se apresenta empatia social, se busca uma interação social ou não, se ela tem um interesse na comunicação social, se tem interesse pelos brinquedos da mesma forma ou se ela brinca sozinha. Como é a linguagem da criança, se tem alguma alteração da prosódia, que é da melodia da voz desde muito cedo; se ela não fala, se atrasou muito o aparecimento da linguagem, se ela não balbucia. Todos esses são parâmetros para pensarmos se essa criança tem um neurodesenvolvimento típico ou atípico.

Outros aspectos avaliados são os cognitivos: atenção, memória, raciocínio. Estão dentro dos padrões da própria idade? Estão acima ou abaixo? E por último os padrões de sono e alimentação, que envolvem desde uma restrição muito grave em alimentação, ou com muitas manias; se a criança só come alimentos verdes ou amarelos, ou se ela come alimentos marrons, ou só alimentos pastosos ou não gosta de alimentos secos. Todos esses aspectos são levados em conta em uma avaliação diagnóstica para TEA.

No entanto, aspectos isolados como esses não fazem um diagnóstico. Por isso o diagnóstico é multidisciplinar: são dados que são coletados ao longo da avaliação. Se a criança tem um déficit de interação social, isso tem um peso maior, mas também tem que ver a personalidade da criança, a personalidade dos pais da criança, o contexto que ela está inserida. Então, uma parte dessa só não faz um diagnóstico. Tem que se fazer uma avaliação global que envolve a parte motora, envolve a parte de sociabilização ou comunicação social, envolve as brincadeiras, alimentação, cognição.

Quanto mais cedo conseguimos estabelecer um padrão diagnóstico, mais cedo começam as intervenções e essas intervenções só têm um objetivo, que é fazer com que a criança tenha evolução, que ela consiga se adaptar às questões da vida prática e diária e que no futuro, ela consiga também ter qualidade de vida, trabalhar e viver bem, com autonomia, inclusive financeira.

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